quinta-feira, setembro 04, 2008

In vino veritas...



Uma passagem de Talvez, de Lilian Hellman, vem-me ao pensamento, qualquer coisa como "aquilo que nos parece muito claro quando estamos embriagados e depois deixa de ser claro quando ficamos sóbrios é porque à partida nunca esteve muito claro". Cito de memória, as palavras não devem ser estas, mas acho que conservei o sentido. E é verdade que na maioria das vezes a embriaguez é um estado muito pouco propício ao raciocínio e às decisões - pelo menos se se deseja que aquele seja lógico e estas sensatas. Mas por vezes há um período, que sucede aos estados sucessivos de exultação e de embotamento, e que corresponde ao dissipar da embriaguez mas que precede a recuperação completa, em que tudo surge com uma extrema clareza e desprendimento, como se estivéssemos a ver os nossos problemas de fora e desapaixonadamente.

E a propósito de Lilian Hellman, outras palavras me perseguem, a citação da Bíblia que ela colocou em epígrafe no início de The Little Foxes: "Take us the foxes, the little foxes, that spoil the vines: for our vines have tender grapes."

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