quarta-feira, setembro 16, 2009
Setembro, e a rentrée
Setembro e a rentrée é uma época sempre algo stressante... O trânsito aumenta brutalmente, e o ano lectivo recomeça, com todas as ansiedades que isso me provoca - será que desta vez o Abdallah vai às aulas? E a Crazy Kitty decidirá equipar-se para as aulas de Educação Física? Quantos telefonemas, e-mails e notificações não vou receber das escolas este ano? Apesar de tudo, por enquanto tudo parece correr sobre rodas, o Verão correu notavelmente bem, a disposição dos infantes para a retoma escolar parece ser a melhor - o Abdallah pronto 20 minutos antes da hora, lavado e pequeno-almoçado, cadernos e livros etiquetados, etc. Enfim, quiçá ter suportado muitos dos problemas das maluquices adolescentes antes do tempo me poupe nos próximos meses... A verdade é que não consigo deixar de gostar dos meus torrõezinhos de açúcar, por muito doidos que sejam. Como dizia o outro, alea jacta est! Agora é ver como as coisas evoluem.
segunda-feira, setembro 14, 2009
Growth of the Soil, de Knut Hamsun
Terminei a minha série de livros escandinavos com um autor norueguês, a respeito do qual sentia bastante curiosidade. Foi um autor muito influente no princípio do século XX, e ainda este ano tinha encontrado referências à sua importância literária nos livros de Canetti e de Amos Oz, e tornou-se depois um escritor "maldito" pelo apoio que deu ao nazismo. Para quem gosta de explorar os escritores como eu, torna-se muitas vezes difícil separar o autor da sua obra, mas há imensos casos de livros excelentes escritos por pessoas que seguramente não gostaria de ter conhecido e cujas opiniões e vidas não aprovo. Neste caso, gostei bastante do livro, um épico sobre a colonização dos espaços selvagens da Noruega, um hino ao trabalho e à vida rurais e aos camponeses, tratados como uma espécie de heróis mitológicos do nosso tempo. As personagens são muito reais, embora o autor revele uma certa misoginia - as mulheres são sempre apresentadas como mais calculistas e mesquinhas e menos "puras" que os homens. A história flui suave e firmemente, como a sucessão das estações, dos trabalhos agrícolas e da vida familiar. Fez-me lembrar alguns livros que li há muitos anos, como O Don Tranquilo ou Terra Bendita. Está muito bem escrito, transmitindo uma grande ternura e admiração pela beleza da vida rural e da relação daqueles pioneiros com a natureza que desbravam e respeitam. E acho que visualizei melhor o romance depois de ter passado pelo norte da Noruega e visto as pequenas casas de madeira pintadas de encarnado contra as montanhas, como na fotografia da capa do livro.
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