The Progress Paradox - How Life Gets Better While People Feel Worse é um livro interessante, mais pelas questões que levanta e descreve do que pelas respostas que apresenta, o que aliás é frequente neste género de livros. Mas vale a pena pela primeira metade, que além de abordar uma questão importante, interessante e actual (o culto do mal estar, do catastrofismo, pela sociedade em geral e os media em particular numa é poca em que o mundo ocidental vive mais e melhor do que em qualquer altura da história - e o resto do mundo não vive pior), está escrito de forma inteligente e divertida, constituindo uma leitura agradável e informativa.
E de facto, porque havemos de estar rodeados de anúncios de desgraças e sensações de impending doom? O livro é muito bom a demonstrar o desfasamento entre a realidade e a percepção da mesma transmitida pelos media; apresenta uma série de hipóteses de explicação plausíveis, embora talvez eu acrescentasse algumas mais prosaicas, como a memória curta das pessoas e das sociedades (que aliás explica também a nostalgia de um passado dourado - que nunca existiu - e faz com que só nos lembremos do que desejamos, explicando fenómenos como o enaltecimento de Salazar a que temos assistido, por exemplo), ou o simples facto de as pessoas gostarem de se queixar e de profetizar desgraças desde tempos imemoriais - será para inconscientemente se congratularem com o seu bem estar presente?
Nos capítulos finais, o livro soçobra numa série de boas intenções piedosas e num misto de cristianismo e new age, salpicadas aqui e ali de ingenuidade americana, bastante simplórias. Mas no geral é uma leitura útil e divertida, e é sempre bom lembrar aos arautos da desgraça que vivemos num mundo cheio de confortos e vantagens que nunca eistiram noutras épocas (sim, eu sei que nem toda a gente no mundo vive bem, mas os arautos a que me refiro vivem, e fazem de conta que não).
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