sábado, dezembro 03, 2011

3 Poems



There are three poems that seem to define my moods through life, words that I hear in my head so often I know them by heart. The first, by Susan Coolidge, expresses what I feel in the morning, be it a real or a symbolic one, when I get up to face life again and again, the color of my incurable and returning optimism and endurance:

New Every Morning

Every day is a fresh beginning,
Listen my soul to the glad refrain.
And, spite of old sorrows
And older sinning,
Troubles forecasted
And possible pain,
Take heart with the day and begin again.


Then there is the moments of giving up, when I'm tired, exhausted, drained, and all I feel like is closing my eyes in the dark and fall into oblivion, forever. Then it's the second poem, the melancholic words by Christina Rossetti:

When I am dead, my dearest,
Sing no sad songs for me;
Plant thou no roses at my head,
Nor shady cypress tree:
Be the green grass above me
With showers and dewdrops wet;
And if thou wilt, remember,
And if thou wilt, forget.


I shall not see the shadows,
I shall not feel the rain;
I shall not hear the nightingale
Sing on, as if in pain:
And dreaming through the twilight
That doth not rise nor set,
Haply I may remember,
And haply may forget.


And then there is the in between, the poem that expresses my stupid self ever since I first read it at 15, and that is still as true now as then, so like me that I was amazed Fernando Pessoa should have described me so accurately (but later I understood that is the gift of truly great writers and poets):

Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúdica e rica,
E eu sou um mar de sargaço —

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

And then, there a 4th poem, one that I always associate to one person, to something I once had but seems now so far away that it looks like it was another life, or a dream, that I feel I'm not worthy to remember since I blew it so utterly and miserably. And yet... there was a time the words of Emily Dickinson evoke, sometimes painfully but always with a nostalgic sweetness that makes me think maybe I wasn't that worthless all the time:

Is it too late to touch you, Dear?
We this moment knew —
Love Marine and Love terrene —
Love celestial too —

sexta-feira, março 04, 2011

Room, de Emma Donoghue

Uma boa surpresa - Room é um livro excelente, em que a autora consegue criar um narrador de 5 anos credível (mesmo que por vezes o vocabulário e a articulação das ideias pareça demasiado elaborado, apesar do uso de erros gramaticais propositados para aumentar a credibilidade). O Jack de Emma Donoghue não fica atrás de exemplos de outros narradores infantis ou mentalmente perturbados, como a criança com Asperger de Mark Haddon em O Estranho Caso do Cão Morto, o Benji de Faulkner em O Som e a Fúria ou a Antoinette de Jean Rhys em Vasto Mar de Sargaços. O contraste entre o tom infantil, simultaneament ingénuo e perspicaz, com o horror da situação na primeira parte, passada no quarto do título, e a crítica divertida ao mundo moderno da segunda parte, está extremamente bem conseguido e é a base do interesse do livro, que se lê sem parar; a parte da fuga é emocionante. Sem dúvida uma escritora a seguir.

The Discovery of Heaven, de Harry Mulisch

Este é o último livro de autores holandeses que comprei em Amesterdão. Nunca tinha ouvido falar de Harry Mulisch, que morrera dias antes, motivo pelo qual os seus livros estavam expostos por todo o lado; comprei este aconselhado pelo empregado da Waterstone's ("This is his masterpiece"), cujos conselhos aliás foram muito bons, pois gostei dos livros todos que me indicou.

The Discovery of Heaven é de facto muito bom, um tour-de-force em forma de fábula mitológica, ao longo do qual se abordam variados temas, desde a amizade, o acaso, a política, ciência, a 2ª Guerra, etc, etc. Muito bem escrito, repassado de espírito, humor e cultura, de leitura sempre agradável, embora a meu ver a primeira e a última parte sejam de longe as melhores e as intermédias demasiado prolongadas sem grande necessidade. A primeira parte, focada na amizade das duas personagens principais, é excelente, e a última, uma espécie de aventura arqueológica que deixa O Código Da Vinci num chinelo, lê-se de um fôlego. E a parte passada em Roma recordou-me tão vivamente esta cidade - o Panteão, o Campo di Fiori, o Castelo de Sant'Angelo, San Giovanni in Laterano - que fiquei cheio de vontade de voltar, o que espero fazer em Abril.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Another Year, de Mike Leigh

Um filme muito bom de Mike Leigh - forte e emotivo, sobre a solidão e a felicidade do quotidiano, mostrados através do contraste entre a vida simples e realizada de uma família feliz e os seus amigos solitários e disfuncionais. E consegue fazê-lo sem lamechices nem moralismos. Os actores estão excelentes.

Beyond Sleep, de Willem Frederik Hermans

Este foi um dos livros de autores holandeses que não conhecia e que comprei em Amesterdão. Gostei muito - muito bem escrito, num tom irónico e corrosivo, consegue criar de forma extremamente vívida a personalidade do narrador, com quem, mau-grado as suas ideias preconcebidas e a mentalidade crescentemente paranóica, não conseguimos deixar de empatizar e simpatizar, tanto mais quanto mais alienado se torna. O tom é propositadamente casual e simples, reforçando assim a construção da personagem e as descrições das suas desventuras e da Natureza aparentemente idílica mas implacavelmente hostil onde se move. E, em jeito de tragicomédia, o autor trata de forma profunda o tema da ambição intelectual e do medo e frustração da mediocridade, tecendo de passagem uma crítica mordaz às instituições académicas e à crítica literária. Muito bom.

domingo, fevereiro 20, 2011

You Will Meet a Tall Dark Stranger, de Woody Allen

Mais um filme "menor" de Woody Allen, no género dos que tem realizado regularmente nos últimos anos. Como habitualmente, mesmo os filmes "menores" de Woody Allen são agradáveis de ver, engraçados e irónicos. A história, mais uma vez, é engenhosa e foca os temas que lhe são caros - o sentido (ou ausência dele) da vida, as consequências mais ou menos inesperadas das nossas escolhas, o absurdo da existência e o seu fascínio. Continua um mestre do diálogo, e os actores são bem escolhidos - neste filme, realce para Gemma Jones e Pauline Collins, que estão uma delícia.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Museu do Oriente



No último fim-de-semana, visitei finalmente o Museu do Oriente. Gostei bastante; a colecção não é uma grande mas parece-me bastante boa. Gostei particularmente das peças japonesas e de Timor-Leste (estas muito poucas mas muito interessantes); as imagens dos biombos japoneses, os desenhos chineses, os inúmeros deuses e cenas mitológicas indianas mereciam mais tempo para descobrir e apreciar detalhes. Em relação à exposição em si, achei a iluminação demasiado fraca e algumas obras, como os biombos, mereciam um espaço maior para serem mais bem apreciadas. Nas exposições temporárias, gostei muito dos desenhos de Graça Morais.

Bons complementos da exposição, e que ajudam a atrair público, são o restaurante com vista sobre a doca, onde se come bem e que não é caro, e a loja do museu. E sabe bem fazer turismo em Lisboa de vez em quando.

Ficam algumas imagens das peças de que mais gostei.







Black Swan, de Darren Aronofsky

Um bom filme, que vale sobretudo pela excelente interpretação de Natalie Portman, pela beleza de várias sequências, muito bem filmadas, pela música e por um certo ambiente claustrofóbico. Achei no entanto o argumento um tanto simplista e previsível, de uma “psicologia” demasiado óbvia, um cruzamento de Showgirls de Paul Verhoeven com Repulsion de Roman Polanski.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

The Story of a Marriage, de Andrew Sean Greer

Um livro interessante, de um autor americano relativamente jovem que não conhecia. A história está bem contada, o ambiente dos anos 50 muito bem recriado - fez-me lembrar o filme Far From Heaven, de Todd Haynes. Está muito bem escrito, nomeadamente os vários volte-faces (twists) da narrativa, que reflectem os erros que as personagens vão fazendo ao longo da história sobre as intenções e sentimentos umas das outras.

domingo, janeiro 16, 2011

Dois livros melancólicos

Por coincidência, dois amigos que não se conhecem falaram-me, com um dia de intervalo, do mesmo livro, Night Train to Lisbon, do autor suiço Pascal Mercier, e um deles emprestou-mo. É um bom romance, de um tom melancólico repassado de nostalgia, que inicialmente me lembrou os livros de Carlos Ruiz Zafon, mas bastante melhor. Trata da nostalgia pelas oportunidades perdidas, pelo que "podia ter sido", e do que significa verdeiramente o sentirmo-nos realizados com a vida. O facto da viagem emocional e física do protagonista ter lugar em Lisboa torna o livro particularmente interessante para nós, portugueses, já que é sempre curioso ler como pessoas de outras nacionalidades nos vêem. De certa forma, essa torna-se também a maior fraqueza do livro, pois as personagens e os ambientes recriados não "soam" nada portugueses. Mas é um livro interessante e agradável de ler.

The Twin, de Gerbrand Bakker, foi um dos livros de autores holandeses que comprei em Amesterdão. Gostei bastante - mais uma vez, o tom é melancólico mas afectuoso, e o trata igualmente da nostalgia por uma vida diferente, do que nos faz escolher a vida que levamos e dos catalisadores que nos provocam o desejo e nos fazem descobrir a capacidade de a mudar.

domingo, janeiro 09, 2011

Prosperity Without Growth, de Tim Jackson

Um excelente livro, cuja leitura é extremamente apropriada nos tempos que correm. Há muito que me interrogava sobre se o crescimento económico é indispensável ao bem estar humano; intuitivamente achava que não, mas não tenho os conhecimentos necessários para responder à questão do ponto de vista da economia sustentável. Fiquei satisfeito por saber que tinha razão - pelo menos na óptica de Tim Jackson, mas sempre é alguém com melhores credenciais económicas do que eu. Não concordo com tudo o o autor diz no livro, e tenho algumas dúvidas sobre algumas das contas (tanto as económicas, sendo a Economia uma ciência tão imprecisa, como as ecológicas, sendo a Ecologia ainda mais imprevisível), mas trata-se de detalhes e estou 100% de acordo com a mensagem (e a tese) do livro. Esta pode ser resumida na passagem: "Prosperity consists in our ability to flourish as human beings - within the ecological limits of a finite planet. The challenge for our society is to create the conditions under which this is possible. It is the most urgent task of our times."

Quanto às soluções, se algumas das ideias me parecem um tanto irrealistas, mais uma vez estou de acordo com a orientação geral: "1) establishing the limits, 2) fixing the economic model, 3) changing the social logic". Sobretudo a parte de acabar com a lógica da sociedade de consumo, que nos fecha naquilo a que Jackson chama "the iron cage of consummerism", e que só pode ser uma receita para o desastre e a infelicidade. E concordo que nesse ponto - como aliás nos outros - a influência dos governos - através de políticas, incentivos, investimentos, publicidade, etc - é fundamental. E já agora a de uma sociedade civil mais educada (estou a pensar nas classes médias e altas da sociedade ocidental) que, em vez de comodamente continuarem a alimentar os valores da sociedade de consumo deveriam questioná-los e alterar o seu comportamento em conformidade, com isso influenciando não só a educação e formação das gerações seguintes como enviando diferentes sinais ao resto do mundo que a vê como modelo / objectivo a atingir. Infelizmente, não é fácil que a maioria das pessoas se aperceba disto. Tal como não me parece que a crise financeira de 2008, que o autor esperava ser uma oportunidade para mudar os dogmas económicos que têm regido os governos nas últimas décadas, tenha funcionado dessa forma. De qualquer forma, um livro muito importante e com muita matéria para fazer pensar.