segunda-feira, maio 29, 2006

Pearl, de Janis Joplin

Decididamente, é difícil ir à fnac sem comprar qualquer coisa... e já me restrinjo às promoções, aos preços verdes ou coisas do género. Mas ora é um cd de piano de jazz que me sabe bem ouvir, ou um livrinho que saiu e tenho vontade de ler... Ontem, mais uma vez, o vírus do consumo atacou, e não resisti a um livro da Taschen com as gravuras do Piranesi - €8,99, uma pechincha! - nem ao Pearl, de Janis Joplin, que não devia ouvir há uns vinte anos, sem exagero.

Descobri Janis Joplin por volta dos 16 anos, na minha fase de encanto pelo rock e pelas ganzas (e ganzados/as), e nessa altura Pearl foi uma revelação, uma exaltação. Nesse tempo, o disco estava esgotado cá, gravei-o de um primo que comprava música na fnac de Paris, e depois comprei o Anthology quando saiu. Devo tê-lo ouvido centenas de vezes, vibrando sempre com a voz poderosa e as interpretações desesperadas de Janis, tão adequadas às minhas angústias existenciais adolescentes.

Depois, fui deixando de a ouvir, acho que foi substituída nos meus sentimentos e no meu gosto por Billie Holiday, mais ou menos na transição da adolescência para a
idade adulta - aproximadamente quando as angústias das paixões não correspondidas deram lugar à estabilidade de uma relação amorosa feliz, numa época em que eu sentia que tinha encontrado o meu lugar no Mundo - um amor, uma profissão, um futuro, a liberdade da independência. Isso não durou sempre, claro... e voltei a viver sem saber bem o que faço eu aqui, mas desta vez sem desesperos, pelo menos quando os há são fugazes.

Mas foi bom voltar a ouvir Janis Joplin, tão angustiada e poderosa como sempre, possivelmente a voz branca mais adequada ao espírito dionisíaco dos blues. E agora, como há 20 anos, como sempre, ainda me arrepio ao ouvi-la cantar temas como Get it While You Can - 'cause there ain't gonna be there when you wake up...

In this world, if you read the papers, darling,
You know everybody's fighting with each other.
You got no one you can count on, dear,
Not even your own brother.
So if someone comes along,
He gonna give you love and affection,

I'd say get it while you can, yeah,
Honey, get it while you can, yeah,
Honey, grab it while you can,
Don't you turn your back on love, no, no, no.

When you're loving somebody, baby,
You're taking a gamble against some sorrow.
But who knows, baby,
'Cause we may not be here tomorrow.
And if anybody comes along,
He gonna give you love and affection,

I'd say get it while you can, yeah!
Honey, grab it when you're gonna need it!
Yeah hey, hold it while you can,
Don't you turn your sweet back on love,
No no no, no no no no no!


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