O clássico de Fritz Lang, "M", merece a fama que tem. É um excelente filme, quer formalmente - os planos ameaçadores, as cenas apresentadas em paralelo - quer pelo conteúdo. Não me parece necessário invocar alegorias da ascensão do nazismo para ser uma boa história; o filme já inclui vários conteúdos interessantes: a história do assassino de crianças, o terror da população e as acusações à toa fruto da histeria, a ineficácia bonacheirona do polícia - da República de Weimar -, o problema da justiça feita pelo Estado ou pelas "próprias mãos", neste caso a um inimputável, o retrato irónico do submundo...
A sequência do tribunal popular dos criminosos é magistral, tal como a da perseguição do assassino, quando é marcado com a letra M, qual marca de Caim. E as interpretações são muito boas, sobretudo as de Peter Lorre, do polícia Lohmann e do chefe gangster Schränken.
Só foi pena a legendagem falhar com alguma frequência, porque o meu alemão é demasiado insuficiente... Mas são os óbices de ver filmes antigos.
Uma observação final, que não tem nada a ver com o filme em si: achei engraçado reconhecer em várias personagens características que associamos hoje unicamente a Hitler, como o penteado ou o bigodinho; a imagem de Hitler enraizou-se de tal forma no nosso imaginário que esquecemos que afinal era um homenzinho vulgar, que se penteava e arranjava como outros, provavelmente seguindo alguma moda da época, mas que a sua proeminência nos fez associar indissoluvelmente a ele.
segunda-feira, maio 01, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário