quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Another Year, de Mike Leigh

Um filme muito bom de Mike Leigh - forte e emotivo, sobre a solidão e a felicidade do quotidiano, mostrados através do contraste entre a vida simples e realizada de uma família feliz e os seus amigos solitários e disfuncionais. E consegue fazê-lo sem lamechices nem moralismos. Os actores estão excelentes.

Beyond Sleep, de Willem Frederik Hermans

Este foi um dos livros de autores holandeses que não conhecia e que comprei em Amesterdão. Gostei muito - muito bem escrito, num tom irónico e corrosivo, consegue criar de forma extremamente vívida a personalidade do narrador, com quem, mau-grado as suas ideias preconcebidas e a mentalidade crescentemente paranóica, não conseguimos deixar de empatizar e simpatizar, tanto mais quanto mais alienado se torna. O tom é propositadamente casual e simples, reforçando assim a construção da personagem e as descrições das suas desventuras e da Natureza aparentemente idílica mas implacavelmente hostil onde se move. E, em jeito de tragicomédia, o autor trata de forma profunda o tema da ambição intelectual e do medo e frustração da mediocridade, tecendo de passagem uma crítica mordaz às instituições académicas e à crítica literária. Muito bom.

domingo, fevereiro 20, 2011

You Will Meet a Tall Dark Stranger, de Woody Allen

Mais um filme "menor" de Woody Allen, no género dos que tem realizado regularmente nos últimos anos. Como habitualmente, mesmo os filmes "menores" de Woody Allen são agradáveis de ver, engraçados e irónicos. A história, mais uma vez, é engenhosa e foca os temas que lhe são caros - o sentido (ou ausência dele) da vida, as consequências mais ou menos inesperadas das nossas escolhas, o absurdo da existência e o seu fascínio. Continua um mestre do diálogo, e os actores são bem escolhidos - neste filme, realce para Gemma Jones e Pauline Collins, que estão uma delícia.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Museu do Oriente



No último fim-de-semana, visitei finalmente o Museu do Oriente. Gostei bastante; a colecção não é uma grande mas parece-me bastante boa. Gostei particularmente das peças japonesas e de Timor-Leste (estas muito poucas mas muito interessantes); as imagens dos biombos japoneses, os desenhos chineses, os inúmeros deuses e cenas mitológicas indianas mereciam mais tempo para descobrir e apreciar detalhes. Em relação à exposição em si, achei a iluminação demasiado fraca e algumas obras, como os biombos, mereciam um espaço maior para serem mais bem apreciadas. Nas exposições temporárias, gostei muito dos desenhos de Graça Morais.

Bons complementos da exposição, e que ajudam a atrair público, são o restaurante com vista sobre a doca, onde se come bem e que não é caro, e a loja do museu. E sabe bem fazer turismo em Lisboa de vez em quando.

Ficam algumas imagens das peças de que mais gostei.







Black Swan, de Darren Aronofsky

Um bom filme, que vale sobretudo pela excelente interpretação de Natalie Portman, pela beleza de várias sequências, muito bem filmadas, pela música e por um certo ambiente claustrofóbico. Achei no entanto o argumento um tanto simplista e previsível, de uma “psicologia” demasiado óbvia, um cruzamento de Showgirls de Paul Verhoeven com Repulsion de Roman Polanski.