quinta-feira, janeiro 27, 2011
The Story of a Marriage, de Andrew Sean Greer
Um livro interessante, de um autor americano relativamente jovem que não conhecia. A história está bem contada, o ambiente dos anos 50 muito bem recriado - fez-me lembrar o filme Far From Heaven, de Todd Haynes. Está muito bem escrito, nomeadamente os vários volte-faces (twists) da narrativa, que reflectem os erros que as personagens vão fazendo ao longo da história sobre as intenções e sentimentos umas das outras.
domingo, janeiro 16, 2011
Dois livros melancólicos
Por coincidência, dois amigos que não se conhecem falaram-me, com um dia de intervalo, do mesmo livro, Night Train to Lisbon, do autor suiço Pascal Mercier, e um deles emprestou-mo. É um bom romance, de um tom melancólico repassado de nostalgia, que inicialmente me lembrou os livros de Carlos Ruiz Zafon, mas bastante melhor. Trata da nostalgia pelas oportunidades perdidas, pelo que "podia ter sido", e do que significa verdeiramente o sentirmo-nos realizados com a vida. O facto da viagem emocional e física do protagonista ter lugar em Lisboa torna o livro particularmente interessante para nós, portugueses, já que é sempre curioso ler como pessoas de outras nacionalidades nos vêem. De certa forma, essa torna-se também a maior fraqueza do livro, pois as personagens e os ambientes recriados não "soam" nada portugueses. Mas é um livro interessante e agradável de ler.
The Twin, de Gerbrand Bakker, foi um dos livros de autores holandeses que comprei em Amesterdão. Gostei bastante - mais uma vez, o tom é melancólico mas afectuoso, e o trata igualmente da nostalgia por uma vida diferente, do que nos faz escolher a vida que levamos e dos catalisadores que nos provocam o desejo e nos fazem descobrir a capacidade de a mudar.
The Twin, de Gerbrand Bakker, foi um dos livros de autores holandeses que comprei em Amesterdão. Gostei bastante - mais uma vez, o tom é melancólico mas afectuoso, e o trata igualmente da nostalgia por uma vida diferente, do que nos faz escolher a vida que levamos e dos catalisadores que nos provocam o desejo e nos fazem descobrir a capacidade de a mudar.
domingo, janeiro 09, 2011
Prosperity Without Growth, de Tim Jackson
Um excelente livro, cuja leitura é extremamente apropriada nos tempos que correm. Há muito que me interrogava sobre se o crescimento económico é indispensável ao bem estar humano; intuitivamente achava que não, mas não tenho os conhecimentos necessários para responder à questão do ponto de vista da economia sustentável. Fiquei satisfeito por saber que tinha razão - pelo menos na óptica de Tim Jackson, mas sempre é alguém com melhores credenciais económicas do que eu. Não concordo com tudo o o autor diz no livro, e tenho algumas dúvidas sobre algumas das contas (tanto as económicas, sendo a Economia uma ciência tão imprecisa, como as ecológicas, sendo a Ecologia ainda mais imprevisível), mas trata-se de detalhes e estou 100% de acordo com a mensagem (e a tese) do livro. Esta pode ser resumida na passagem: "Prosperity consists in our ability to flourish as human beings - within the ecological limits of a finite planet. The challenge for our society is to create the conditions under which this is possible. It is the most urgent task of our times."
Quanto às soluções, se algumas das ideias me parecem um tanto irrealistas, mais uma vez estou de acordo com a orientação geral: "1) establishing the limits, 2) fixing the economic model, 3) changing the social logic". Sobretudo a parte de acabar com a lógica da sociedade de consumo, que nos fecha naquilo a que Jackson chama "the iron cage of consummerism", e que só pode ser uma receita para o desastre e a infelicidade. E concordo que nesse ponto - como aliás nos outros - a influência dos governos - através de políticas, incentivos, investimentos, publicidade, etc - é fundamental. E já agora a de uma sociedade civil mais educada (estou a pensar nas classes médias e altas da sociedade ocidental) que, em vez de comodamente continuarem a alimentar os valores da sociedade de consumo deveriam questioná-los e alterar o seu comportamento em conformidade, com isso influenciando não só a educação e formação das gerações seguintes como enviando diferentes sinais ao resto do mundo que a vê como modelo / objectivo a atingir. Infelizmente, não é fácil que a maioria das pessoas se aperceba disto. Tal como não me parece que a crise financeira de 2008, que o autor esperava ser uma oportunidade para mudar os dogmas económicos que têm regido os governos nas últimas décadas, tenha funcionado dessa forma. De qualquer forma, um livro muito importante e com muita matéria para fazer pensar.
Quanto às soluções, se algumas das ideias me parecem um tanto irrealistas, mais uma vez estou de acordo com a orientação geral: "1) establishing the limits, 2) fixing the economic model, 3) changing the social logic". Sobretudo a parte de acabar com a lógica da sociedade de consumo, que nos fecha naquilo a que Jackson chama "the iron cage of consummerism", e que só pode ser uma receita para o desastre e a infelicidade. E concordo que nesse ponto - como aliás nos outros - a influência dos governos - através de políticas, incentivos, investimentos, publicidade, etc - é fundamental. E já agora a de uma sociedade civil mais educada (estou a pensar nas classes médias e altas da sociedade ocidental) que, em vez de comodamente continuarem a alimentar os valores da sociedade de consumo deveriam questioná-los e alterar o seu comportamento em conformidade, com isso influenciando não só a educação e formação das gerações seguintes como enviando diferentes sinais ao resto do mundo que a vê como modelo / objectivo a atingir. Infelizmente, não é fácil que a maioria das pessoas se aperceba disto. Tal como não me parece que a crise financeira de 2008, que o autor esperava ser uma oportunidade para mudar os dogmas económicos que têm regido os governos nas últimas décadas, tenha funcionado dessa forma. De qualquer forma, um livro muito importante e com muita matéria para fazer pensar.
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