Descobri os livros de Nick Bantock por acaso, como geralmente acontece. Foi numa ida aos Estados Unidos, em 1996, em que um colega com quem andava às compras me falou neles; folheei-os e fiquei encantado com a sua riqueza visual. Rapidamente comprei a trilogia de Griffin & Sabine e The Venetian's Wife, mais tarde comprei os 3 livros que continuam a história de Griffin & Sabine, The Forgetting Room e, na minha última ida a Nova Iorque, este The Museum at Purgatory.
A beleza dos livros de Bantock, um desenhador canadiano, deve-se à sua apresentação gráfica mais do que às histórias. Mais do que um ilustrador, ele é sobretudo um desenhador; nos seus livros, são as palavras que "ilustram os desenhos mais do que o inverso. São livros esteticamente fantásticos, uma verdadeira delícia para os olhos. Os melhores são na minha opinião os de Griffin & Sabine, tanto pelos desenhos como pela história, mas sobretudo pela apresentação - envelopes colados às folhas, de onde se tiram cartas escritas à mão e ilustradas, mil pequenos pormenores em que se vai reparando de cada vez que se olha. Há aliás uma passagem em The Museum at Purgatory em que Nick Bantock expõe a sua concepção artística - as palavras e as imagens são duas formas de expressão, e ele tenta conciliá-las de forma complementar, em que nenhuma predomine sobre a outra; ao contrário do conceito habitual de livro ilustrado, os seus pretendem fundir a imagem e as palavras. E no seu melhor consegue-o.
Em The Forgetting Room, descreve pela voz de uma das suas personagens o processo da criação de colagens, que ele próprio utiliza profusamente. Li numa entrevista sua que deve muito à influência de Marcel Duchamp com os seus ready-mades e de Joseph Cornell e das suas "caixas", o que aumentou o meu apreço por ele, pois descobri Joseph Cornell há muitos anos no Art Institute of Chicago, que tem uma notável colecção deste artista, e acho-o fascinante.
The Museum at Purgatory não é dos seus melhores livros, mas é um bom exemplo da sua arte, com desenhos belíssimos e uma história fantasista com o seu ambiente onírico habitual. Utiliza extensamente mais uma vez fusões, selos, carimbos, pequenos objectos de arte, tapetes orientais, animais fantásticos...
Para terminar, deixo alguns exemplos dos seus desenhos (escolhi estes, mas poderia ter escolhido muitos outros). São livros cuja estrutrura torna certamente dispendiosos de publicar, e que por isso duvido muito que alguma vez sejam traduzidos em português.
sábado, fevereiro 03, 2007
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