quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A campanha



Tenho de reconhecer que esta campanha para o referendo conseguiu surpreender-me. Era esperada a posição da maior parte das pessoas - algumas excepções, que me supreenderam agradavelmente, como José Miguel Júdice, Paula Teixeira da Cruz e até Margarida Rebelo Pinto, confirmam a regra - mas o que me espantou foi o encarniçamento, o empenhamento da campanha pelo não. Cartazes, panfletos, tempos de antena, tanto empenho e denodo! Fico genuinamente espantado - como é possível que tantas pessoas, muitas delas inteligentes, vão a tais extremos, gastem tanto dinheiro, para defender que mulheres que abortam até às 10 semanas de gestação sejam penalizadas? Já desconto a posição da Igreja, previsível e de acordo com o que dela se espera, tontas como Alexandra Teté, que só mesmo desta forma conseguem protagonismo, ou mesmo os argumentos arrevezados e risíveis do Professor Martelo, que há muito se tornou numa caricatura de si próprio, tão bem desmascarada pelos Gatos Fedorentos, mas que infelizmente ainda muitos levam a sério, apesar de parecer num processo acelerado de senilidade. Mas ainda sobra muita gente, gente que constrói uma teia de mentiras preconceituosas e desinformação, produzindo novos argumentos falaciosos de cada vez que um é rechaçado, qual Hidra de Lerna insidiosa e persistente. Sempre me há-de deixar perplexo este gosto na infelicidade dos outros. Espero bem que esta vergonhosa questão acabe com a vitória do sim, mas conhecendo o triste país em que vivemos, receio muito que esta não aconteça. Pela minha parte, vou dar o meu contributo.

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