terça-feira, fevereiro 20, 2007
The Master of Petersburg, de J.M. Coetzee
Conheço mal a obra de Coetzee, antes deste só tinha lido À Espera dos Bárbaros, que achei excelente e me impressionou fortemente. The Master of Petersburg é muito bom, algo pesado, deixando uma impressão meio estranha, mas forte. Está escrito um pouco à maneira dos romances de Dostoievski, que aliás é a personagem principal, tentando recriar a génese de um conto com uma das personagens marcantes de Os Possessos, Stavroguine. No entanto, enquanto que em Dostoievski as narrativas fluem de modo tempestuoso e inexorável, aqui predomina um tom sombrio e lento - é um livro sobre o envelhecimento, a perda, a procura de uma justificação moral que não existe, como se o que nos resta num mundo hostil e destituído de significado fosse apenas a exploração às cegas dos abismos que temos dentro de nós. Não sei se há uma alegoria política, como em À Espera dos Bárbaros, esta foi a impressão que me ficou. O Dopstoievski-personagem sente-se perdido e repleto de dúvidas, e a força do autor é conseguir transmitir-nos essas dúvidas. E também o deixar-nos perante várias leituras possíveis, vários níveis de significado. Não é de longe tão bom como À Espera dos Bárbaros, mas deixa-me com vontade de ler mais livros de Coetzee.
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2 comentários:
dele só li Elizabeth Costello, um livro denso, mas que achei um pouco desequilibrado, com partes muito boas, mas um final, a meu ver, desastroso. ou então não, e fui eu que não compreendi.
Não li esse... De qualquer forma, aconselho vivamente "À Espera dos Bárbaros".
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