terça-feira, janeiro 30, 2007

Vermeer, a propósito de Girl With a Pearl Earring


Li recentemente o livrinho de Tracy Chevalier Girl With a Pearl Earring; já tinha visto o filme há cerca de 2 anos. É uma história engraçada, a partir de uma boa ideia e bem desenvolvida. O filme é bastante superior ao livro, em parte porque a escrita é estilisticamente pobre, e mais ainda porque o desenrolar da história está intimamente ligado com os quadros, desde a preparação das cores à sua finalização, de modo que é extremamente visual, pelo que o cinema a transmite melhor do que a escrita. Aliás, o filme é muito bonito, com uma bela fotografia, uma recriação dos quadros de Vermeer esteticamente perfeita e uma Scarlett Johansson magnífica no seu melhor papel.

Mas a principal qualidade, tanto do filme como do livro, é fazerem-me rever as obras de Vermeer. Foi sempre um dos meus pintores preferidos, com as suas cenas tranquilas retratando o quotidiano da burguesia dos Países Baixos no seu século de ouro, em cores puras banhadas numa luz suave e de uma serenidade muito bela. Não há a paixão sombria de Rembrandt, nem o excesso barroco e voluptuoso de Rubens ou o espírito festivo de Hals, mas imagens quase fotográficas das pessoas médias, nem deuses mitológicos nem santos cristãos nem reis e rainhas; apenas burgueses abastados, uma classe relativamente nova e que teve em Vermeer o pintor perfeito para a retratar de forma simultaneamente verdadeira e lisonjeira, em actividades simples e dignas como a tocar música, a ler uma carta, a beber em sociedade ou a arranjar-se ao espelho.

Só lamento nunca ter tido oportunidade de ver estes quadros ao vivo, o que me faz sonhar com uma viagem à Holanda.

2 comentários:

Artur Neves disse...

Eu também gosto bastante do Vermeer e adoraria ver uma parte substancial da sua obra ao vivo. Já estive na Holanda algumas vezes mas nunca vi muita coisa dele por lá. Onde é que deveria ter ido?

Artur Neves disse...

Eu próprio encontrei a resposta em http://en.wikipedia.org/wiki/Vermeer#Works. Estão muito dispersos. E nunca fui à Haia.