quinta-feira, junho 10, 2010
Viagem à Provença
Já não me lembro quando ou porque começou o meu desejo de ir à Provença. Foi seguramente há muito tempo, e provavelmente consolidado após a leitura, aos 20 e poucos anos, de O Quinteto de Avignon. Várias vezes adiada, finalmente lá fui conhecer a região.
As expectativas eram obviamente grandes, e a viagem não começou da melhor maneira - novo adiamento, desta vez de 2 semanas, devido às famosas cinzas vulcânicas - mas foram inteiramente realizadas. Adorei a viagem, foi das que mais gostei nos últimos tempos, e tenho em geral gostado de todas (sou um viajante optimista!).
É difícil descrever 5 dias felizes e muito intensos em poucas palavras, por isso não vou tentar. Direi apenas que o tempo esteve estupendo (o adiamento causado pelo vulcão revelou-se uma blessing in disguise, já que na data incial esteve a chover), as cidades, as aldeias e o campo são belíssimos, as pessoas muito mais simpáticas que em Paris e a comida excelente como era de esperar.
Num resumo muito resumido, para dar uma ideia e aguçar o apetite de quem queira lá ir:
A natureza é bastante semelhante ao Alto Alentejo / Beira Baixa, o que me proporcionou uma sensação de familiaridade e de "estar em casa", com a vantagem de haver tudo o resto e ainda a costa, de que vi pouco mas é muito bonita (espero regressar para ver o resto): vinhas, oliveiras, pinheiros, ciprestes, penedos de granito, as planícies pantanosas e salinas da Camargue. Renques de ciprestes evocam paisagens pintadas por Van Gogh. Não vi as famosas florações da alfazema, que são mais tarde.
Magníficos vestígios da História encontram-se por todo o lado: o teatro romano de Orange, os anfiteatros de Arles e Nîmes, a Pont du Gard, os pórticos românicos de St. Trophime em Arles de de St. Gilles-du-Gard, castelos como o do rei René em tarascon, as muralhas de Aigues-Mortes, o palácio gótico dos Papas em Avignon, os edifícios dos séculos XVII e XVIII do Cours Mirabeau em Aix...
Das cidades, destaco Aix-en-Provence, Avignon e Arles; das aldeias Les Baux, Gordes, Crestet; mas todas as vilas são interessantes e agradáveis, como St. Rémy, Tarascon, etc.
A comida é óptima, desde a famosa bouillabaisse de Marselha a qualquer salada bem temperada em qualquer vilazinha, e o vinho é delicioso. Os sabores mediterrânicos no seu melhor.
É óbvio que não há só qualidades: em geral conduz-se mal, as sinalizações fazem lembrar as portuguesas na sua tendência críptica, as rotundas com "esculturas" "modernas" também pululam nos arredores de Marselha, as multidões de ciganos internacionais e de working classes tornavam Saintes-Maries-de-la-Mer (uma vilazinha à beira-mar não muito diferente da Costa da Caparica mas com uma imensa igreja tipo fortaleza) naquilo que os meus filhos chamaria "o paraíso da chungaria" (mas o ambiente acabava por ter a sua graça), Nîmes no dia da feria anual transbordava de barulho, música pimba e gente bebida, um autêntico "bordel" tauromáquico de onde fugimos com dor de cabeça uma hora depois de chegarmos... Mas os lugares não serem perfeitos torna-os mais reais, quanto a mim, e há sempre pequenos contratempos nas férias.
Numa próxima vez, espero explorar a região oriental da Provença e Côte d'Azur.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Adorei o resumo resumido e as fotografias! Fiquei mesmo com vontade de lá ir.
Beijinhos ;**
Enviar um comentário