domingo, dezembro 07, 2008

Copenhaga



Há férias que nos deixam uma impressão particularmente forte de felicidade, por vezes sem nenhuma razão especial. Esta curta viagem a Copenhaga foi uma delas; apesar de se tratar de um sítio completamente diferente, senti-me tão feliz como na luminosa Granada. Penso que foi uma conjuntura de diversos factores particularmente afortunada - a cidade muito bonita na suave luz outonal, o frio cortante mas limpo e revigorante, o ambiente civilizado e acolhedor, a companhia (claro!)...

Nunca tinha estado em nenhum país escandinavo, e foi uma agradável surpresa. Esperava talvez que tudo fosse demasiado arranjadinho, mas o que me ficou foi uma impressão de civilização no seu melhor sentido e de grande qualidade de vida, uma população socialmente muito homogénea, um sítio onde deve ser agradável viver, mesmo com o frio e a falta de luz no Inverno.

Gostei da arquitectura sóbria mas colorida, dos velhos edifícios em tijolo vermelho, dos barcos ao longo dos cais, das esplanadas com mantas para aquecer as pernas, das bancas com os enfeites de Natal, do cheiro a amêndoas torradas e a especiarias, das velas por todo o lado (não admira que tenha havido tantos incêndios em Copenhaga ao longo dos séculos...), dos campanários das igrejas, da combinação de linhas e cores dos telhados vermelhor, pretos e verdes vistos do cimo da Rundtärn. A língua é feia e difícil de compreender, mas a palavra hygge vai sempre ficar-me na memória como traduzindo um conceito muito especial que senti durante a estadia.

Até me soube bem ir ao Tivoli - eu, que sempre detestei parques de diversões - pela beleza das iluminações e das bancas de Natal. Um passeio a Christiania deprimiu-me - um ar tão decadente, desleixado e desconfortável; que estranhas são as pessoas que vivem numa cidade tão agradável e criam voluntariamente para si uma espécie de bairro da lata. E provavelmente quando estiverem doentes ou verdadeiramente indigentes, saem de lá e beneficiam dos sistemas sociais "burgueses". Ainda fui uma tarde a Malmö, um passeio prejudicado pela chuva - a Suécia foi-me menos hospitaleira - e gostei bastante menos do que de Copenhaga, embora também tivesse umas belas praças. De qualquer forma, fiquei com vontade de visitar Estocolmo e a Noruega.

Pois é, viajar é um dos maiores prazeres da vida, e permite-nos a experiência de passar de sítios como Marraquexe para outros como Copenhaga.

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