terça-feira, novembro 11, 2008

O Meu Nome é Vermelho, de Orhan Pamuk

Um bom livro, que teve o condão de me reconciliar com a ficção, já que nos últimos meses andava a ler quase exclusivamente memórias, clássicos ou livros de informação - depois deste já estou lançado no segundo volume da Trilogia do Cairo, de Naguib Mahfouz, e comprei mais alguns romances, com vontade de os ler. Demorei um pouco a "entrar" no livro, mas depois gostei bastante - pequenos capítulos com vários narradores, sucedendo-se como as miniaturas persas que são o tema do livro, organizadas à volta de uma história de crime e intrigas na Istambul do fim do século XVI. E ao longo do texto - ou vários textos, se cada narrador tivesse uma voz diferente, mas, e nesse aspecto penso que o autor não conseguiu totalmente o seu objectivo, quase todos falam da mesma forma - vão sendo expostos os verdadeiros temas do livro: a ideia da arte e dos seus objectivos, o conflito entre a tradição e a inovação, a tolerância e o fundamentalismo, a infiltração dos valores ocidentais na civilização muçulmana.

1 comentário:

Anónimo disse...

eu li o livro. o que eu nao gostei foi a tradução para o portugues. ela é sofrivel e as constantes consultas no dicionario foram inevitáveis.é verdade que o livro nao tem um narrador central, mas todos os personagens sao narradores em primeira pessoa, até os mais incriveis, como uma arvore, um cão.. acho que o autor quis dar para a narrativa o ritimo da propria vida: todos temos uma historia que em algum momento se encontrará com muitas outras... ficaremos com alguns, outros nos deixarao, e encontraremos muitos outros... esse foi um dado que me encantou no livro. outra coisa que me emocionou foi a de perceber que nada existe em nós que nao seja fragmentado.., eu sei de mim mesma pelo o que o outro diz. é como seu eu visse minha imagem refletida num espelho e ele nada me diz, pois o seu silencio é devastador... falta um narrador...