sábado, julho 08, 2006

A Vida Secreta das Palavras, de Isabel Coixet


Há uns meses, gostei muito de ver A Minha Vida Sem Mim, de Isabel Coixet, o que me criou expectativas para A Vida Secreta das Palavras. É interessante, mas acho-o inferior ao anterior. Tem qualidades que o tornam um filme simpático - o ambiente despojado e ao mesmo tempo intimista, o bom gosto na escolha dos temas musicais, sobretudo o afecto pelas personagens, que as torna todas muito humanas e próximas de nós, e que se nota em todas elas, mesmo as secundárias como o cozinheiro, o faxineiro, até o capataz da fábrica. Tim Robbins e Sarah Polley têm óptimas interpretações. No entanto, tem dois grandes defeitos: uma certa falta de ritmo na primeira parte, e sobretudo o final, quando cai na armadilha de dizer demais, de forma didáctica, o que é sempre desagradável - é muito mais interessante o que se transmite implicitamente do que o que se "lecciona", pelo menos em arte. Fica-se com a ideia de que a realizadora foi demasiado ambiciosa, quis mostrar que a história era uma parábola de uma História maior e dar uma lição, é pena.

No entanto, acho sempre útil lembrarmo-nos de vez em quando dos horrores da guerra, de que aquelas coisas aconteceram de facto, a pessoas verdadeiras, muitas vezes, que não foi só o nazismo, e que na altura referida no filme estávamos provavelmente a jantar em restaurantes, a passar férias na praia, a preocuparmo-nos com o preço da prestação da casa ou da nova aparelhagem hi-fi, ou a ver filmes... É de certa forma arrepiante.

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