The Paradox of Choice, de Barry Schwartz, é um livro interessante, pois apresenta um tema bem actual. Basicamente, a tese do autor é que, à medida que o número de escolhas que temos à disposição (a respeito de praticamente tudo, desde a marca de cereais de pequeno-almoço e o tipo de blue jeans até às opções de carreira e de religião) aumenta, em vez de nos sentirmos mais felizes, sentimo-nos menos felizes. Como explicação, aponta o tempo que gastamos em escolhas pouco importantes, a ansiedade que essa infinidade de escolhas provoca, e a oportunidade aumentada de sentirmos arrependimento pelas escolhas efectuadas e de nos compararmos desfavoravelmente com os outros.
Como é habitual neste tipo de livros, o interesse está sobretudo nas questões que levanta e naquilo que nos faz tomar consciência sobre aspectos da nossa civilização, mais do que nas explicações apresentadas, e muito mais do que nas soluções propostas - apesar de felizmente o autor não se alongar nessa parte, não resiste à tentação (tão americana!) de dar dicas e propor truques para alterarmos a nossa forma de viver e de pensar, com medidas ingénuas como andar de caderninho a apontar o que fizemos ou como nos sentimos durante o dia.
Poruqe de facto, se o problema é apresentado de forma muito clara, lúcida e sensata, já as soluções não se vislumbram. Porque é fácil dizer em abstracto: "diminuamos as áreas em que escolhemos, limitemos o nosso número de escolhas". Mas em concreto, diminuir o quê? Limitar em que área? As marcas de roupa que podemos comprar? Ou as carreiras que podemos seguir? As pessoas com quem podemos casar? Não é fácil. De facto, hoje em dia temos milhares de escolhas à nossa disposição em todas as áreas da vida, e muitas delas são disparatadas ou dispensáveis, mas uma das bases da nossa civilização - e do nosso bem estar - é precisamente poder escolher, e se muito lixo vem por arrasto, é preferível isso a deitar fora o bebé com a água do banho.
O que eu concordo que é mais importante, é mudarmos a nossa atitude face às escolhas que nos são oferecidas, ou seja, sermos menos aquilo que o autor chama maximizers, e mais aquilo a que chama satisficers, isto é, não cedermos à tentação - constantemente exacerbada pela publicidade e por um espírito de competitividade que nos é inoculado desde o berço - de procurarmos sempre "o melhor" e aprendermos a saber o que para nós constitui o "suficientemente bom".
Pessoalmente, tenho evoluído nesse sentido, e sinto que essa tem sido uma evolução positiva na minha vida. A sabedoria da idade? De certa forma - aliás, o autor também refere que à medida que envelhecemos, vamos aprendendo a ser mais satisficers. Quando olho para trás, lamento algumas situações em que poderia ter sido menos maximizer e isso me teria trazido talvez mais felicidade.
Enfim, é sempre bom reflectir nestes temas civilizacionais...
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