Haruki Murakami é um escritor que está na moda nos últimos anos. Li por acaso há anos um livro dele, que uma amiga me ofereceu, quando ainda não havia nada traduzido em Português, A Wild Sheep Chase, e não gostei muito - gostei da escrita e do ambiente criado, mas achei a história um tanto surrealista de mais e não me tocou especialmente. Anos depois, quando já era muito traduzido em Portugal e incensado, li Norwegian Wood, de que gostei muito, e fiquei com vontade de ler mais alguma coisa dele. Comprei a Crónica do Pássaro de Corda na Primavera passada, para ler nas férias de Verão, que não fiz, de modo que só agora o li, depois de outras férias que me trouxeram livros de autores suecos e checos que me fizeram adiar os livros comprados antes.
O livro é muito bom; tinha grandes expectativas (vários amigos me tinham dito ser o melhor do autor), não fiquei deslumbrado, mas gostei muito. Sempre gostei de histórias bem contadas, em que o acaso e o mistério jogam um papel preponderante, com ou sem elementos de realismo fantástico ( e este tem-nos, tal como o têm autores que aprecio, desde Kafka a Salman Rushdie, passando por García Márquez e Boris Vian ou Italo Calvino), e sem que haja um "significado" didacticamente subjacente, mas antes um fluir da narrativa, cheio de curvas e encruzilhadas, cuja impressão final é mais emocional do que racional. De certa forma, uma questão de "voz" ou de "tom", como outra amiga apreciadora de Murakami me dizia há tempos. É um tipo de scrita cujos ecos se encontram no melhor de Paul Auster e em sucedâneos menores, como o nosso conterrâneo João Tordo. No caso particular deste livro, há muitas pontas que ficam por deslindar, mas não perde por isso - de certa forma é mais um apelo à nossa imaginação.
Finalizando - lerei seguramente mais livos de Murakami.
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