terça-feira, maio 05, 2009

Viagem à Bélgica

Mais uma curta viagem, desta vez a Ghent, Bruges e Bruxelas. Não conhecia a Bélgica (tal como ainda não conheço a Holanda, que ficou para uma próxima vez), e gostei muito; aliás, como viajante optimista que sou, geralmente aprecio sempre os sítios onde vou, uns mais do que outros, é certo, mas tem valido sempre a pena viajar, e só lamento não o poder fazer mais e por mais tempo.

Desta vez, comecei po Ghent, que é uma bela cidade, de belas casas antigas e igrejas góticas à volta dos rios Leie e Scheldt e dos canais que os ligam. Foi o meu primeiro contacto com a Flandres, o tempo estava óptimo, céu azul e temperatura agradável sem estar calor. Fiz a volta de barco pelos canais, almocei carbonades flamandes e a sopa de peixe local (na vedade de frango, e depois de ver os peixesmortos a boiar no Leie fiquei satisfeito pela opção...) na esplanada do restaurante que fica na antiga casa dos condes de Egmont no Graslei, iniciei a degustação das inumeráveis cervejas e dos excelentes chocolates belgas, admirei o políptico de Jan van Eyck A Adoração do Cordeiro Místico na catedral, subi ao Belfort, visitei o castelo dos condes... Como o tempo estava bom, havia imensos grupos de jovens nas margens dos canais e nas praças, a fumar e a beber, como em Espanha. Os flamengos pareceram-me um povo alegre e saudável; as mulheres podiam ter saído dos quadros de Rubens e Brueghel, de formas generosas, pele clara e faces coradas, fáceis de imaginar em tamancos a ordenhar vacas; a língua parecida com o alemão mas mais suave parecia fácil de aprender.




De Ghent fui para Bruges, uma cidade lindíssima, de conto de fadas, como dizem no filme In Bruges, que tinha visto recentemente quando já planeava lá ir. Mais uma vez, tive sorte com o tempo, que continuou excelente e me permitiu passear e apreciar a cidade. E foi de facto um encantamento, é daqueles sítios que para onde quer que se olhe parece estar a ver-se um cartão postal. Fiquei num hotel mesmo atrás da praça principal, o Markt, numa água-furtada com uma vista esplêndida. Nem sequer tive vertigens (uma maldição que me persegue desde a adolescência) ao subir ao Belfort, por uma deliciosa escada de caracol que vai estreitando até ser verdadeiramente exígua - mas que panoramas se têm do cimo! Passeei imenso, entrei em várias igrejas - gostei do altar macabro da Jerusalemkerk e a estátua de Miguel Ângelo da Virgem com o Menino é lindíssima, ainda mais do que a Pietá - e vi a exposição sobre a corte da Borgonha de Carlos o Temerário, que estava no museu - uma excelente mostra do esplendor da Flandres do Renascimento. E a comida sempre deliciosa - moules, gauffres, mais chocolates e mais cervejas.





Em Bruxelas já o tempo foi menos simpático, e tive a tradicional chuva da Bélgica, felizmente com abertas suficientes pra andar a pé sem ser desagrdável. Antes de ir, vários conhecids meus que já lá tinham estado me tinham dito que Bruxelas não tinha graça nenhuma, resumindo-se o interesse à Grand Place e pouco mais. Discordo; pareceu-me uma cidade viva e cosmopolita, com boa qualidade de vida e várias zonas interessantes. A Grand Place é de facto imponente, mas toda a zona central à volta dela e da Bolsa é animada, com muitos cafés e esplanadas (o café nas Halles Saint Géry deixou-me particularmente encantado - que sítio magnífico para ler e estudar!), o bairro à volta dos Sablons é muito bonito, as igrejas góticas de Notre Dame du Sablon e a catedral são belíssimas. O museu tem uma colecção magnífica de primitivos flamengos e muitos Rubens interessantes (embora longe da magnificência da sala Rubens do Louvre), mas fiquei decepcionado por não ter visto os quadros de Magritte - o Museu Magritte abrirá em 2 de Junho...). O Centre Belge de la Bande Dessinée é um sítio onde adoraria ter estado há 30 anos, quando era um fanático adepto da revista Tintin; agora, deixou-me indiferente, e apreciei mais o edifício art nouveau onde fica. Vêem-se muitos imigrantes africanos e muçulmanos, e muitos pedintes pelas ruas, que na sua maioria são belgas, com ar de toxicodependentes, e a limpeza e cheiro das ruas e das estações de metro deixa bastante a desejar - talvez efeito de tanta cerveja... Comi e bebi novamente muito bem, e como bom turista comprei chocolates e uma t-shirt. Last but not least, terminei a visita a Bruxelas com uma idaao Brupark e a sua Mini-Europe, onde foi divertido reconhecer edifícios que já vi ao natural, como a Bolsa de Copenhaga, e fiquei com vontade de ver outros sítios (Portugal está representado pela Torre de Belém, o Oceanário, a Ribeira do Porto e uma aldeia algarvia).


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