quinta-feira, janeiro 31, 2008

Recordações da Casa dos Mortos, de Fyodor Dostoevsky

A releitura deste livro impressionou-me tanto como a primeira vez. À primeira vista, parece pouco típico da obra de Dostoevsky, quando se conhecem os grandes romances como Os Irmãos Karamazov ou Os Possessos, sem príncipes russos, mulheres perdidas, monges tresloucados, todos num remoinho de violência e paixão, "speaking at the top of their voices", como diz Virginia Woolf no seu excelente ensaio sobre os romances russos em The Common Reader. Mas as preocupações e reflexões sobre a natureza humana, a ética, a moral, o sem sentido dos acasos da vida, estão todas lá, numa narrativa que é, a par de Se Isto É Um Homem de Primo Levi, a melhor que conheço sobre um longo período de um homem inteligente em cativeiro.

(a imagem abaixo é de Mauthausen; outro lugar, outra época, mas a mesma situação)

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