sábado, agosto 25, 2007

Bug, de William Friedkin

Bug é uma peça de teatro filmada que provoca uma certa ambivalência. Inicialmente, o filme é lento e mesmo entediante, mas por outro lado vai criando um clima de desconforto e expectativa que depois cresce numa espiral de loucura e violência na segunda parte. Não sei se o realizador teve a intenção de propor vários níveis de interpretação da história (ou seja, até que ponto pretende que aceitemos como credíveis os delírios das personagens, ou que tomemos a história como uma metáfora do mundo moderno), mas parece-me que sim, por certos pormenores (que achei muito dispensáveis) como os flashes dos insectos a circular ou a eclodir. De qualquer forma, é uma história intensa de loucura, com boas interpretações e um excelente retrato da esquizofrenia paranóide; ao longo do filme lembrei-me muitas vezes de Repulsion, de Polanski, que é um dos melhores retratos em filme da esquizofrenia, e de Safe, de Todd Haynes, pela escalada inexorável do absurdo irracional e angustiante. Ou seja, não é um filme que se goste de ver, pois causa desconforto, mas por isso mesmo é interessante e com várias cenas excelentes (sobretudo o ambiente final de irrealidade do quarto forrado de alumínio).

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