sábado, novembro 25, 2006

A Prairie Home Companion, de Robert Altman


Vi há dias A Prairie Home Companion, por coincidência no dia da morte de Robert Altman. E é de certa forma um filme apropriado para fazer perto da morte – todo repassado de um afecto nostálgico, de uma sensação mista de melancolia, de amor à vida e de gosto pelo que se viveu, ou seja, o tom de uma elegia de quem ama a vida e sente que esta está a terminar. A construção do filme é semelhante à de outros filmes de Altman – numerosas personagens apanhadas num momento crucial, interpretadas por um excelente naipe de actores, histórias cruzadas, diálogos sobrepostos, uma morte pelo meio. Os números musicais estão magníficos, com uma série de jingles hilariantes e Garrison Keillor (o intérprete do animador do programa, que também é o autor do argumento, das letras e da maioria das músicas) actua como uma espécie de fio condutor – penso que ele é na vida real semelhante à personagem, e deve ter sido a inspiração da ideia do filme. Meryl Streep, Lily Tomlin, Woody Harrelson e John C. Reilly estão óptimos como habitualmente, gostei menos da interpretação de Kevin Kline. A personagem de Virginia Madsen lembra um pouco uma personagem semelhante de Jessica Lange num outro filme-prenúncio-de-morte, All That Jazz.

Short Cuts continua a ser o meu filme favorito de Robert Altman, que encontrou então em Raymond Carver o contador de histórias perfeito para o seu tipo de filmes. Mas A Prairie Home Companion é também muito bom, muito melhor que Gosford Park, que achei um bocado falhado.

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