domingo, janeiro 09, 2011

Prosperity Without Growth, de Tim Jackson

Um excelente livro, cuja leitura é extremamente apropriada nos tempos que correm. Há muito que me interrogava sobre se o crescimento económico é indispensável ao bem estar humano; intuitivamente achava que não, mas não tenho os conhecimentos necessários para responder à questão do ponto de vista da economia sustentável. Fiquei satisfeito por saber que tinha razão - pelo menos na óptica de Tim Jackson, mas sempre é alguém com melhores credenciais económicas do que eu. Não concordo com tudo o o autor diz no livro, e tenho algumas dúvidas sobre algumas das contas (tanto as económicas, sendo a Economia uma ciência tão imprecisa, como as ecológicas, sendo a Ecologia ainda mais imprevisível), mas trata-se de detalhes e estou 100% de acordo com a mensagem (e a tese) do livro. Esta pode ser resumida na passagem: "Prosperity consists in our ability to flourish as human beings - within the ecological limits of a finite planet. The challenge for our society is to create the conditions under which this is possible. It is the most urgent task of our times."

Quanto às soluções, se algumas das ideias me parecem um tanto irrealistas, mais uma vez estou de acordo com a orientação geral: "1) establishing the limits, 2) fixing the economic model, 3) changing the social logic". Sobretudo a parte de acabar com a lógica da sociedade de consumo, que nos fecha naquilo a que Jackson chama "the iron cage of consummerism", e que só pode ser uma receita para o desastre e a infelicidade. E concordo que nesse ponto - como aliás nos outros - a influência dos governos - através de políticas, incentivos, investimentos, publicidade, etc - é fundamental. E já agora a de uma sociedade civil mais educada (estou a pensar nas classes médias e altas da sociedade ocidental) que, em vez de comodamente continuarem a alimentar os valores da sociedade de consumo deveriam questioná-los e alterar o seu comportamento em conformidade, com isso influenciando não só a educação e formação das gerações seguintes como enviando diferentes sinais ao resto do mundo que a vê como modelo / objectivo a atingir. Infelizmente, não é fácil que a maioria das pessoas se aperceba disto. Tal como não me parece que a crise financeira de 2008, que o autor esperava ser uma oportunidade para mudar os dogmas económicos que têm regido os governos nas últimas décadas, tenha funcionado dessa forma. De qualquer forma, um livro muito importante e com muita matéria para fazer pensar.

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