sexta-feira, março 04, 2011
Room, de Emma Donoghue
Uma boa surpresa - Room é um livro excelente, em que a autora consegue criar um narrador de 5 anos credível (mesmo que por vezes o vocabulário e a articulação das ideias pareça demasiado elaborado, apesar do uso de erros gramaticais propositados para aumentar a credibilidade). O Jack de Emma Donoghue não fica atrás de exemplos de outros narradores infantis ou mentalmente perturbados, como a criança com Asperger de Mark Haddon em O Estranho Caso do Cão Morto, o Benji de Faulkner em O Som e a Fúria ou a Antoinette de Jean Rhys em Vasto Mar de Sargaços. O contraste entre o tom infantil, simultaneament ingénuo e perspicaz, com o horror da situação na primeira parte, passada no quarto do título, e a crítica divertida ao mundo moderno da segunda parte, está extremamente bem conseguido e é a base do interesse do livro, que se lê sem parar; a parte da fuga é emocionante. Sem dúvida uma escritora a seguir.
The Discovery of Heaven, de Harry Mulisch
Este é o último livro de autores holandeses que comprei em Amesterdão. Nunca tinha ouvido falar de Harry Mulisch, que morrera dias antes, motivo pelo qual os seus livros estavam expostos por todo o lado; comprei este aconselhado pelo empregado da Waterstone's ("This is his masterpiece"), cujos conselhos aliás foram muito bons, pois gostei dos livros todos que me indicou.
The Discovery of Heaven é de facto muito bom, um tour-de-force em forma de fábula mitológica, ao longo do qual se abordam variados temas, desde a amizade, o acaso, a política, ciência, a 2ª Guerra, etc, etc. Muito bem escrito, repassado de espírito, humor e cultura, de leitura sempre agradável, embora a meu ver a primeira e a última parte sejam de longe as melhores e as intermédias demasiado prolongadas sem grande necessidade. A primeira parte, focada na amizade das duas personagens principais, é excelente, e a última, uma espécie de aventura arqueológica que deixa O Código Da Vinci num chinelo, lê-se de um fôlego. E a parte passada em Roma recordou-me tão vivamente esta cidade - o Panteão, o Campo di Fiori, o Castelo de Sant'Angelo, San Giovanni in Laterano - que fiquei cheio de vontade de voltar, o que espero fazer em Abril.
The Discovery of Heaven é de facto muito bom, um tour-de-force em forma de fábula mitológica, ao longo do qual se abordam variados temas, desde a amizade, o acaso, a política, ciência, a 2ª Guerra, etc, etc. Muito bem escrito, repassado de espírito, humor e cultura, de leitura sempre agradável, embora a meu ver a primeira e a última parte sejam de longe as melhores e as intermédias demasiado prolongadas sem grande necessidade. A primeira parte, focada na amizade das duas personagens principais, é excelente, e a última, uma espécie de aventura arqueológica que deixa O Código Da Vinci num chinelo, lê-se de um fôlego. E a parte passada em Roma recordou-me tão vivamente esta cidade - o Panteão, o Campo di Fiori, o Castelo de Sant'Angelo, San Giovanni in Laterano - que fiquei cheio de vontade de voltar, o que espero fazer em Abril.
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