O primeiro livro de Arturo Pérez Reverte que li foi A Tábua de Flandres; gostei da história engenhosa, mas achei a escrita um pouco "floreada" de mais, e a leitura de O Mestre de Esgrima (fracote) e de O Clube Dumas (o mais interessante, com uma história muito bem imaginada) confirmou a minha opinião de que a escrita do autor não estava à altura das intrigas. Pele de Tambor é também um livro com uma boa história, e marca uma certa transição na obra de Pérez Reverte, como se ele pretendesse tornar-se mais "sério", o que evidentemente não é um defeito em si, mas leva a um maior pretensiosismo da escrita, sobretudo quando as suas reflexões filosóficas continuam a parecer um tanto serôdias. Essa seriedade acentua-se em Território Comanche, que é completamente diferente dos romances iniciais - é uma memória e reflexão dos seus tempos como corresponde de guerra nos Balcãs. É na mesma linha que se insere O Pintor de Batalhas, em que as mesmas memórias e impressões são transmitidas, agora de forma romanceada (deixo de lado O Cemitério dos Barcos Sem Nome, que achei palavroso e aborrecido, e O Capitão Alatriste, uma espécie de glosa dos romances históricos de Dumas mas no estilo de Reverte, engraçado no seu género).
N'O Pintor de Batalhas, Reverte volta a tratar o tema da guerra, das suas atrocidades e da desumanização a que conduz, e a ética dos fotógrafos de guerra. Foca aspectos interessantes, mas sofre do pretensiosismo, da falta de génio do autor para exprimir o cerne dos problemas sem parecer estar a dar lições ou ser um filósofo de café. Além de não resistir a incluir a habitual personagem feminina inverosímil, que provavelmente é a sua ideia da mulher ideal mas que parece claramente irreal. Os diálogos são igualmente improváveis, e a história rebuscada. Não acrescenta nada ao que ele disse muito melhor em Território Comanche. Lembrou-me o filme de Isabel Coixet, A Vida Secreta das Palavras , com os seus defeitos e com bastante menos força.
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