domingo, outubro 18, 2009

I Served the King of England, de Bohumil Hrabal

Depois da óptima eperiência com os livros suecos, resolvi fazer o mesmo em Praga, e escolhi uma amostra de livros de autores checos (em inglês, claro) numa das muitas boas livrarias da cidade. Até agora só conhecia Kafka (que aliás escrevia em alemão) e Kundera. Comecei por I Serve the King of England, de Bohumil Hrabal, e só espero que os próximos tenham a mesma qualidade. Gostei muito deste livro: escrito na primeira pessoa, as memórias fictícias de um criado de hotel aspirante a milionário passadas no período dos anos 30 aos anos 50, consegue mostrar, através da perspectiva de um homem de uma ingenuidade a tocar a tolice, a forma como aquele período histórico fundamental foi vivido pelos Checos. Todas as referências que entretanto vi sobre Bohumil Hrabal enfatizam a dificuldade da sua tradução, por ser tão enraizadamente checo na escrita e no humor. E de facto, sente-se ao longo de todo o livro um espírito muito especial, de um humor picaresco e irreverente, de um carácter resistente, acomodatício e casmurro, a que estive especialmente atento depois de ter visitado Praga e lido o divertido Xenophobe Guide to the Czechs (esta série é um delícia!). Tão diferente do espírito sério e nostálgico dos autores escandinavos!

O livro é muito bom, divertido de ler, inteligente e ajuda sem dúvida a compreender a Chéquia (à falta de melhor termo para a República Checa, este está a tornar-se aceite) através da viagem de auto-descoberta do narrador. E tem cenas verdadeiramente hilariantes, como a parte do campo de detenção dos milionários sob o comunismo.

(A foto é do Hotel Paris, onde se passa parte da acção. É óptimo reconhecer e visualizar os sítios dos romances!)

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