domingo, março 09, 2008
Point to Point Navigation, de Gore Vidal
Point to Point Navigation é claramente uma obra de despedida, que transmite a sensação da velhice e da proximidade da morte quase em cada página. Bem escrito, irónico e witty como sempre, cada vez mais desencantado com os Estados Unidos, vaidoso e seguro de si (certamente muitos o consideram arrogante, e é-o, de uma forma que não considero um defeito); este livro não apresenta praticamente nada de novo em relação ao anterior livro de memórias, Palimpsest, que saboreei deliciadamente em 1996, numas férias em Roma, a não ser as várias elegias a amigos mortos, sobretudo ao companheiro de muitos anos, Howard Auster. É sempre um prazer ler Gore Vidal, mesmo quando é melancólico e amargo, ou quando não se concorda totalmente com ele, e é uma pena sentir que em breve deixará de escrever. A sua postura é de certa forma a de alguém convicto de que já viu, viveu e pensou a maior parte do que lhe interessava ver, viver e pensar, e formou as suas opiniões e está certo de ter razão - daí a sensação de excessiva segurança / arrogância. Mas a verdade é que tem de facto razão em muitas coisas, e que sempre viveu e se exprimiu com coerência e coragem, mesmo que nem sempre se concorde com o que diz ou as posições que toma. É uma espécie rara - o americano de classe alta pensante. E gosto dos seus livros, do seu humor, do seu amor pela História.
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