sexta-feira, junho 29, 2007

Lolita, de Vladimir Nabokov

Apesar de ser um livro tão famoso, nunca tinha lido Lolita, como aliás nunca vi os filmes nele baseados, nem o de Kubrick nem o de Lyne. Surpreendeu-me por ser tão explícito e tão divertido, tendo em conta o tema - uma relação pedófila (confesso que pudibundamente pensava tratar-se apenas da obsessão platónica de um homem de meia idade por uma ninfita). Está soberbamente bem escrito, e torna-se fascinante como a obsessão maníaca do narrador e o seu mergulho progressivo na loucura são descritos de forma tão humanizada e ao mesmo tempo repleta de ironia acutilante, criando uma ambivalência de simpatia pelo homem e repugnância pelos seus actos. O retrato da ninfita é igualmente impiedoso e desarmante. É também de certa forma um road book, com excelentes descrições da América. Imagino que deve ter sido precisa uma grande coragem da editora para o publicar nos anos 50; como o autor diz no posfácio, este é um dos "...três temas que são absolutamente tabu no que respeita à maioria dos editores americanos. Os outros dois são um casamento negro-branco que é um êxito completo e glorioso e origem de muitos filhos e netos, e o ateu absoluto, total, que vive uma vida feliz e útil e morre durante o sono, aos cento e seis anos."

Sem comentários:

Enviar um comentário