segunda-feira, janeiro 18, 2010

Julie & Julia, de Norah Ephron

Julie & Julia é um filme divertido e bem disposto. Trata das virtudes da persistência e da dedicação à procura do atingimento da excelência numa actividade e das consequentes compensações - emocionais e profssionais - mas para mim o assunto que trata que mais me agradou foi a culinária, ou, como o título de um livro referido na história, the joys of cooking. Pessoalmente, descobri the joys of cooking há muitos anos, quando comecei a cozinhar para a minha mulher e uma amiga enquanto elas estudavam para o exame da especialidade, e ainda mais anos mais tarde, quando transformei numa actividade lúdica a interminável tarefa de cozinhar diariamente para os meus filhos. Fi-lo de uma forma parecida com a utilizada por Julie, uma das heroínas do filme: cada dia, os meus filhos e eu escolhíamos uma receita de um livro para o jantar do dia seguinte, depois comprávamos os ingredientes e cozinhávamos a refeição. Percorríamos um a um os livros de receitas arrumados numa bancada da cozinha, cujo número foi aumentado ao longo dos anos, com exemplares da cozinha local comprados em cada cidade ou país que eu visitava ou oferecidos pelos meus amigos. Cedo um dos meus filhos - a Indomitable Crazy Catty - se tornou a minha principal colaboradora, cargo que assume com grande orgulho e alguma arrogância, o que se tornou um laço muito especial entre nós. Por tudo isto, foi um prazer ver este filme em família, revendo-nos no prazer de comer de Julia - particularmente o meu obeso Calvin - e nas aventuras culinárias das protagonistas.

E a exuberante interpretação de Meryl Streep é fantástica, está no seu melhor; inicialmente pareceu-me overacting, que habitualmente detesto, mas rapidamente se percebe que aquela voz, aqueles gestos e entoações, são de Julia Child (cuja existência confesso que desconhecia inteiramente até ouvir falar deste filme), de tal forma que a certa altura esquecemos que estamos a ver Meryl Streep, o que acho que é um dos maiores elogios que se pode fazer a uma actriz (ou actor, claro). Recomendo; e, como diria Julia Child, na sua magnífica pronúncia do Francês: Bon appétit!

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