terça-feira, outubro 27, 2009

Requiem por uma vítima obscura



Não é ela na fotografia, mas podia ser, já que é uma sua irmã, fotografada mais ou menos com a idade que ela teria qando morreu. Que eu saiba, não deixou nenhuma fotografia - naquele tempo, no Portugal rural, as pessoas eram raramente fotografadas. Era a mais velha de três irmãs, de uma aldeia das Beiras, de uma família rural remediada; casou aos 27 anos com um homem 15 anos mais velho de uma aldeia próxima e de uma família mais opulenta que dizem que a adorava, teve três filhos, dos quais viu morrer o segundo com menos de um ano, e morreu com 34 anos. Falo da minha bisavó, uma das inúmeras vítimas europeias da pandemia de gripe de 1918, a "pneumónica", como sempre se lhe referiram na minha família. Não foi uma das vítimas célebres, como Apollinaire, Schiele, Souza-Cardoso, ou mesmo a vidente de Fátima Jacinta, mas uma das muitas anónimas; no entanto, a sua morte influenciou de forma fundamental a posterior evolução da minha família. Suponho que todas as famílias terão algum morto nessa pandemia. Faz hoje 91 anos que morreu, em 27 de Outubro de 1918, e apeteceu-me recordá-la, talvez por causa de todo o alarido que se tem feito à volta da pandemia de 2009, cuja mortalidade e impacto seguramente nada terão a ver com a da pneumónica.

5 comentários:

  1. Pois foi, coitada, tão jovem se foi :(

    Não sabia que conhecias a data exacta da sua morte...

    Beijinhos

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  2. Esqueces as minhas investigações nos registos da igreja...

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  3. Achei lindo! Que eu saiba, do outro lado da família, não tivemos nenhum caso de pneumónica. Pelo menos assim próximo. A tua bisavó paterna morreu muito velhinha (segundo a minha mãe) para lá dos 90 anos. E a mãe da avó Alice, que eu saiba, morreu também de velhice...
    A verdade é que tenho descurado as minhas investigações paroquiais. Tenho, contudo, tentado organizar uma árvore genealógica da família, enquanto a minha mãe é viva e se lembra, mas é muito complicado.

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  4. Não me esqueci, claro... Aliás, acabei de escrever e lembrei-me logo da tua árvore genealógica.

    Temos de conversar sobre isso um dia, conheces o website meusparentes.com?

    Beijinhos.

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  5. Não, não conheço. Às vezes penso em retomar essa actividade, mas a inércia... Donagata, podias mandar-me os elementos que tens sobre a nossa parte comum? Não tenho nada, o teu tio sempre disse nada saber...

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