A compra deste livro foi um bom exemplo do quão fracas são as nossas livrarias. Descobri-o um dia numa livraria do Saldanha Residence enquanto esperava por uma sessão de cinema, numa edição da Assírio & Alvim, folheei-o e fiquei com vontade de o ler. Dias depois, voltei lá, não o vi nos escaparates nem nas prateleiras no sítio do autor; pedi-o ao empregado, que depois de procurar e encontrar a ficha no computador foi incapaz de o descobrir. Procurei-o em várias das nossas maiores livrarias - Fnac, Bertrand, Bulhosa - e nada (lembremos que o autor foi o último premiado com o Nobel, o que poderia ter levado as livrarias a aproveitar para o vender mais). Algumas semanas depois, durante uma viagem à Bélgica, entrei na Fnac de Gent, que é relativamente pequena, e lá estava ele (se é certo que Le Clézio não é português, também não é belga e muito menos flamengo).
Na verdade, fiquei a ganhar - o que mais gostei no livro foi precisamente a linguagem, a beleza da escrita. Foi o segundo livro de Le Clézio que li: há muitos anos, li Deserto, que achei interessante mas nada de especial, gostei muito mais deste. O tom é onírico e poético, sempre narrado no tempo presente, o tema é a nostalgia e a busca do paraíso perdido e infinitamente recriado na imaginação, a narrativa desenvolve-se lenta e suavemente, com algumas cenas de grande intensdade, como o furacão na Maurícia, a guerra na Flandres ou o delírio da febre da pesquisa na ilha Rodrigues. Depois deste, fico com vontade de conhecer mais livros do autor.
Não sei se existe edição portuguesa...
ResponderEliminarExiste, da Assírio & Alvim. Foi aliás o primeiro exemplar que vi, no Saldanha Residence, e que o empregado depois não soube encontrar.
ResponderEliminarEspicaçaste-me a curiosidade... Também prefiro Mário Vargas LLosa, mas não podemos andar toda a vida a ler o mesmo. Vou procurar.
ResponderEliminar