terça-feira, fevereiro 24, 2009
Sartre e Beauvoir - A História de uma Relação, de Hazel Rowley
Desde muito novo que tenho uma enorme admiração por Jean-Paul Sartre e por Simone de Beauvoir; li Memórias de uma Menina Bem Comportada no 11º ou 12º ano e senti uma sintonia imediata com o tom e os sentimentos da autora, e A Idade da Razão marcou a minha passagem á idade adulta (é sem dúvida um dos livros da minha vida, se eu fizesse essa lista). Ao longo dos anos, fui lendo muitos dos seus livros´- romances, memórias, correspondência - e desenvolvi uma forte admiração por eles, como escritores e como pessoas.
Foi por isso com muito prazer que li Sartre e Beauvoir, um livro contando a história do seu relacionamento de 50 anos - a perspectiva é quase sempre a de Simone de Beavoir, o que é natural, pois foi ela quem escreveu mais sobre as suas vidas, de modo que o grosso do testemunho é o seu. Sempre me fascinou a relação dos dois, e de certa forma sempre sonhei em ter uma relação assim - de confiança e compromisso, acima de e incluindo relacionamentos paralelos - talvez porque sempre achei que o amor e companheirismo estão muito além de simples e passageiros entusiasmos, sexuais ou não (aquilo a que eles chamavam as relações contingentes). Sim, é certo que cometeram muitos erros em relação a outras pessoas, que tiveram muitos momentos difíceis, mas isso só confirma que eram humanos, e uma das suas grandes qualidades foi precisamente a de reconhecerem esses erros e de os discutirem. E talvez seja devido ao meu carácter, ao meu gosto pela discussão, pela análise, pela intriga, que eu me sinta tão identificado com eles, como também com o grupo de Bloomsbury, que teve igualmente a coragem de romper com a família e os modelos convencionais. Para mim, foi esse o espírito cultural do século XX que transformou o mundo em que vivemos, que contribuiu para a liberdade de que hoje gozamos na sociedade ocidental, e estas pessoas foram fulcrais para essa mudança, para vivermos hoje de uma forma que nos parece adquirida desde sempre.
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