domingo, abril 06, 2008

Resoluções de Primavera


Sempre achei o começo da Primavera muito mais adequado a tomar resoluções do que o Ano Novo. Ao fim e ao cabo, com o regresso do bom tempo, dos dias mais longos, sentimos muito mais energia e vontade de mudar. Por isso estou a tomar algumas decisões na minha vida, tentando melhorá-la. Há anos que vivo caindo e levantando-me de novo, e sei que os altos e baixos mais determinantes são os da minha disposição, mais do que os acontecimentos propriamente ditos. Gosto de pensar que a minha maturidade tem aumentado, mas muitas vezes interrogo-me: será que tem mesmo? Olhando para trás, acho que sim, mas há ainda tanto que melhorar. O que de certa forma é positivo, por me proporcionar objectivos na vida.

Ainda há alguns dias, conversando com uma das minhas melhores amigas, surgiu o tema de qual a idade em que gostaríamos de nos fixar, se pudéssemos escolher. Curiosamente, ambos escolhemos a mesma: 36 anos. Por coincidência, no dia seguinte li isto: "I have now passed the mezzo del cammin di nostra vita, and am rather surprised to find that existence continues to be highly interesting in spite of that fact. I used to think in early youth that one's development would come to an end in one's thirties - but I don't find it so - on the contrary. One seems, as one goes on, to acquire a more complete grasp of life - of what one wants and what one can get - and of the materials of one's work, which gives a greater sense of security and power. I think I can see now where my path lies, and I feel fairly confident that, with decent luck and if my health can go on keeping its head above water, I ought to be able to get somewhere worth getting to." São palavras de Lytton Strachey, numa carta, a propósito precisamente do seu 36º aniversário. Concordo inteiramente, e acho que até as aplico em relação a idades mais avançadas que os 36 anos - sinto aliás que estou bem mais sensato do que nessa época, apesar de já ter então uma quantidade razoável de bom senso, que lamento infinitamente não ter tido aos 28 ou aos 30. E nessa idade ainda não tinha dores nas costas nem no pescoço...

Mas, voltando às minhas resoluções de Primavera, uma delas foi voltar a fazer algum exercício físico, actividade que iniciei e cessei ciclicamente ao longo dos anos até há cerca de 3 ou 4 anos, quando achei que era melhor desistir de vez - a inércia, a inércia! Mas, como me lembro de comentar com um primo quando tinha 12 anos: "sozinho custa-me fazer seja o que for, enquanto acompanhado era capaz de ir ao fim do mundo", acho que nesse aspecto não me tornei muito mais maduro - embora hoje aprecie muito mais fazer coisas sozinho, incluindo ir, se não ao fim do mundo, pelo menos ao outro lado do oceano sozinho - e foi graças à boa companhia do meu melhor amigo que consegui vencer a dita inércia e inscrever-me num ginásio. E estou a apreciar, acho que me vai fazer muito bem - além das endorfinas, o tempo passado em boa companhia a desanuviar a mente!

Brindemos, portanto, à Primavera e às boas resoluções.

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