Confesso que enquanto tive o meu épagneul bretão nunca me habituei a recolher os seus dejectos. Contentei-me em ensiná-lo a nunca fazer nos passeios (e não fazia mesmo) e a recolhê-los apenas em alguns casos (por exemplo, se o fazia num relvado todo limpinho ou num sítio onde passassem pessoas), preferindo educá-lo a fazer em canteiros e na sargeta. Mas agora, com o meu cachorro perdigueiro, desde o início que cumpri a determinação de apanhar escrupulosamente os dejectos, porque de facto é desagradável, não só pisá-los como vê-los e cheirá-los, o que acontece com frequência numa vizinhança com muitos cães como a minha. E a verdade é que não custa nada, é mesmo só uma questão de hábito! Existem uns excelentes saquinhos, opacos e resistentes, que se vendem nas lojas de animais (por acaso durante umas semanas estiveram esgotados e tive de usar saquinhos de sandes, o que se estava a tornar um problema devido ao aumento do volume das excreções à medida que o cachorro crescia, além de serem transparentes, o que era decididamente pouco digno... - quando reapareceram, comprei logo um vasto stock!).
Lembro-me de que quando fui a Paris pela primeira vez me surpreendi com a quantidade de dejectos caninos que pejavam os passeios, e tenho notado nos últimos anos que desapareceram, tal como não se encontram em outras grandes cidades em que se vêem no entanto muitos cães (a última em que reparei nisso foi San Francisco). Portanto, penso que não é assim tão complicado convertermo-nos (como eu) ao hábito da recolha de dejectos. Tem uma dupla vantagem: por um lado todos beneficiamos da limpeza (se há coisa irritante é pisar cocó de cão! - além de que não cheira a rosas), por outro retira um argumento importante aos detractores dos cães, o que é muito útil para os apreciadores de cães. Porque eu sei que as pessoas que não gostam de cães se queixam deles não por causa dos dejectos nem do mal que possam fazer às criancinhas nem das doenças que podem transmitir mas porque simplesmente têm medo deles, mas por isso mesmo é bom não lhes dar argumentos e não lhes facilitar a vida, porque elas já nos dificultam a nossa o suficiente.
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