domingo, julho 09, 2006
As Palavras, de Jean-Paul Sartre
As Palavras é um interessante olhar sobre a infância, irónico e provocador, longe das habituais memórias nostálgicas e idealizadas. Além de bem escrito, gostei de como vai contra o mito da inocência da infância; inocência existe, mas devido à falta de conhecimentos e não a uma pureza moral. Da mesma forma, gostei de como apresenta a infância como um estado incompleto, que me parece muito mais correcto do que a ideia politicamente correcta e rousseauana da perfeição infantil, lembro-me de já ter lido a mesma ideia em Jorge Luis Borges e em García Márquez. E finalmente, gostei muito da relação do autor com a leitura e a escrita, algo que me fala particularmente ao coração, pois também eu tive uma infância muito livresca e também eu senti de forma intensa a magia da leitura e a justificação pela escrita.
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